domingo, 15 de janeiro de 2017

DIALOGANDO COM AS PAREDES

Tenho andado em um saara lascado de ideias e assuntos para colocar no Blogson. Aliás, esta é uma notícia velha, pois já comentei aqui sobre isso. Por isso, este post acaba sendo um registro dessa falta de inspiração, pois fiquei tão fissurado em escrever alguma coisa que travei. As únicas coisas que me ocorreram foram dois trocadilhos fraquíssimos, tão fracos que relutei bastante em divulgá-los. A solução foi criar um diálogo que incluísse os dois. E aí é que está onde queria chegar: a mania ou obsessão de fazer esse tipo de construção “literária”. Depois de criar mais um “diálogo de spamtar”, fiquei pensando porque insisto em tentar fazer esse tipo de humor, se os resultados são tão risíveis, não no sentido de que provocam risadas, mas no surgimento de risinhos de desprezo e escárnio.

E cheguei à conclusão de que esse tipo de texto combina com minha estrutura psíquica ou emocional, mesmo que isso pareça uma afirmação pedante. Já disse antes que sinto que envelheço de forma diferenciada: “À medida que envelhecia, percebi que a mente não envelhece por igual. Uma parte do cérebro ou do conjunto de pensamentos teima em não mudar, em permanecer tal como estava 20, 30, 40 anos atrás. Em outras palavras, apesar da idade, eu tenho ainda muitas formas de pensar iguais às da adolescência. Por isso é que eu questiono a visão simplista de que os mais velhos não podem ou não devem se comportar como jovens. Porque não? Não se trata de querer vestir-se igual, imitar ou mimetizar os mais jovens. O que acontece é que algumas coisas, algumas situações são vistas com olhos juvenis (apesar das pálpebras caídas e da vista cansada)”.

Em outras palavras, eu sou um conflito de gerações ambulante, pois tenho um paladar infantil, que privilegia o sabor doce e abomina a acidez e o amargor de alguns alimentos e bebidas. Já na forma de me vestir e de me comportar em público, sou um velho rabugento, impaciente e careta, pois só visto roupas sóbrias e de tons escuros. Mas os pensamentos e a mente associam-se e se identificam com pessoas na faixa etária de meus filhos.

Essa deve ser a explicação por ter criado os dois personagens mais recorrentes dos diálogos imaginados, uma versão caipira e sem graça nenhuma do Gordo e Magro, de Abbott e Costello. No duro, no duro, eu acredito que eles representam duas visões de mim mesmo, pois um é mais sério, mais centrado, mais intelectualizado, enquanto o segundo é mais tosco, menos formal e mais despreocupado. Assim, ao criar as falas de cada um, é como se eu estivesse dialogando comigo mesmo. Pode ser que tudo o que disse até aqui seja apenas mais uma das minhas teorias miojo, mas uma coisa é certa: mesmo que não haja humor nenhum, mesmo que a linguagem não seja aquela que jovens reais utilizam, eu me divirto muito em criá-los, talvez por ter a sensação de que, afinal, estou conversando com alguém parecido comigo, uma versão masculina e empobrecida de Shirley Valentine.

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